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Nossas muletas e a degradação ambiental: Não tem Amazônia para tudo isso

Aquecimento global, aumento da temperatura terrestre, queimadas, inundações, poluição e outras mazelas: nós falamos a respeito o tempo todo, mas a verdade é que poucos de nós estão de fato engajados em realizarem mudanças no próprio cotidiano que possam reverter esse quadro ambiental tão negativo.

 

Vamos de exemplos?

Você recicla o lixo na sua própria casa? Se você faz isso, saiba que está no grupo de exceção, já que mais de 16 milhões de brasileiros não tem coleta de lixo em suas residências e que, no Brasil, apenas 2,1% de todo o lixo coletado é de fato reciclado.

“Ah, mas de que adianta separar em casa, se não há coleta seletiva no meu bairro que também faça a separação?”. De certo modo, essas colocações são bastante pertinentes, pois faltam políticas públicas no Brasil que resolvam o tema do lixo de forma mais efetiva. Por outro lado, uma parte de nós, nem que seja bem no fundo, sabe que usamos frases assim como muletas.

É impossível não falar de mobilidade urbana quando estamos escrevendo aqui no Blog. E sobre a temática, sabemos bem que muitos de nós usamos nossos veículos, movidos à combustível fóssil, para ir e voltar do trabalho todos os dias, enchendo as ruas, avenidas e estradas de automóveis, de modo a contribuir, ainda que inconscientemente, com as mazelas ambientais que nos desafiam a cada dia mais (cada carro pode emitir entre 1 até 2 toneladas de carbono por ano na atmosfera).

“Ah, mas as empresas e indústrias são ainda mais responsáveis pela poluição e pelo aquecimento global”. Verdade, mas, de novo, muleta. E nós usamos muito bem essas muletas para fugir da nossa responsabilidade individual de proteção ao meio ambiente, para nós e para as gerações futuras.

E por falar tanto em muleta, vamos falar da maior delas: a falácia de que somente pelo reflorestamento, em especial da Amazônia, vamos frear as consequências ambientais desastrosas que já nos afligem, mas que afligirão muito mais, a cada ano que passa.

Não dá para salvar o planeta acreditando que a compensação de carbono por qualquer meio que seja vai resolver. Essa solução é resultado de “Green Wash” e de planos mirabolantes de empresas e pessoas que continuam na ambição de poluir para lucrar. E não, não somos nós, os únicos, que estamos dizendo que não vai funcionar.

É básico que já não há espaço suficiente para reflorestamento no mundo. As queimadas na Amazônia, provocadas recentemente pelas fortes ondas de calor que assolam o país, descartam ainda mais essa possibilidade. Além disso, como controlar se uma árvore foi de fato plantada, e mais, como controlar que ela ainda se mantém no local? Não é tão simples quanto parece auditar esse tipo de informação.

Precisamos de políticas públicas? Todos sabem que sim. Precisamos que as empresas parem com o Green Wash e reduzam suas emissões de carbono? De novo, todos sabemos que sim. Precisamos mudar nossos hábitos comportamentais pessoais em prol do meio ambiente? Pela última vez, todos sabemos que sim.

No entanto, se você é apenas uma pessoa comum, sem poder de influência no governo ou em empresas, eu te pergunto: qual das metas está ao seu alcance? O que você pode fazer para mudar o mundo de onde está agora?

Esse não é um texto de Merchant, embora pudesse ser. Não queremos te incentivar a baixar o aplicativo da Ecomilhas e começar a pedalar ou andar, embora pudéssemos fazer isso. O que queremos com esse texto é despertar pessoas para que percebam o poder e a responsabilidade que possuem sobre suas próprias escolhas, e como cada pequena escolha conta para o resultado de como viveremos esse dia, esse mês, esse ano e essa vida.

A Amazônia é importante, mas ela não vai te salvar por si só. Comece a fazer por você e seja a mudança que você gostaria de ver no mundo.

 

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